Uma característica fundamental do trabalho do professor é usar as reações dos alunos para melhorar seu trabalho de ensino. Mas, nem sempre os alunos ativam a câmara durante as aulas. E, isso independe da idade e até mesmo do horário - a princípio parece que qualquer motivo parece uma boa desculpa para os alunos.
Entretanto, essa decisão do aluno pode ser um problema porque o professor não efetiva a conexão interpessoal suficiente para contribuir ativamente para o seu aprendizado. Adicionalmente, não há como saber se o aluno não está simplesmente dormindo na aula.
Como todo professor, eu questiono as dinâmicas que acontecem em minhas aulas e isso me ajuda em pesquisas pessoais, não científicas e realizadas sem critérios rígidos, mas que dão alguma ajuda para a decisão de estratégias didáticas e outras atividades que possam ser utilizadas para ajudar no ensino. Entre essas reflexões, constatei que o principal motivo para a decisão de fechar a câmara é timidez e o fato de sentir-se desconfortável em ser exposto dessa maneira.
Como o fechamento da câmara afeta os AVA de 3a. onda
Na primeira onda dos AVA, o aluno seguia os passos dados pelo computador. Era chamada a onda das máquinas de ensinar, com manuais e procedimentos totalmente guiados pelo computador. Pessoalmente eu participei dessa onda quando fui franqueado de uma escola e aprendi muito sobre o potencial dessa maneira de conduzir o ensino.
A onda seguinte é a que ainda existe no Brasil e que se preocupa com o gerenciamento dos conteúdos, usando tarefas e sequencias pré-programadas. Sendo assim, dão poucas chances para que o aluno exerça seu potencial de protagonizar seu aprendizado. Entretanto, com a pandemia do covid-19, esse AVA disseminou-se com capilaridade em todo o Ensino do Brasil. Enfim, isso é ótimo.
Mas, a terceira onda já existe e tende a ser a próxima tsunami do Ensino em todas suas formas.
Um cenário possível a partir da 3a onda de AVA
Nessa nova onda do Ensino, o Projeto passa a ser a estratégia andragogênica. Ou em outras palavras, a Aprendizagem Baseada em Projetos é a forma como o AVA3 faz ensino de adultos.
Diferente do ensino dos jovens, no ensino para adultos existe a urgência em aplicar o que se aprende para trazer resultados rapidamente. Sendo assim, a motivação para aprender vem do próprio aluno. Enquanto a criança vai para a escola porque a mamãe mandou, e a professora motiva o aluno para aprender; no caso do adulto, ele está lá porque quer, ele já tem em si mesmo o suficiente para motivá-lo.
E, nesse ponto, vem a questão inevitável: o aluno adulto que não se interessa para aprender do modo atual, não continuará a ser desinteressado com essa nova abordagem didática?
A resposta é que se a causa do desinteresse atual é a necessidade do aluno em aprender para uso imediato na vida profissional. No meu caso real, um aluno reclama que não deveria existir a disciplina de Inovação em um curso de Sistemas de Informações Gerenciais. A explicação é que aquilo não é o que ele precisa para fazer dinheiro.
Nos AVA de segunda geração, é impossível ele estudar o que ele necessita, descartando o que não é importante segundo sua avaliação.
Não questiono que é nosso dever informar os pré-requisitos para cada caso escolhido, mas isso pode ser feito nos AVA da terceira onda, assim como o sistema atual de pré-requisitos de disciplinas. Mas, estamos falando de uma estrutura que não é de disciplinas, mas de competências específicas que o aluno deseja adquirir.
E, no final, ele adquire uma coleção de certificados que poderiam ser o suficiente para justificar o pedido de reconhecimento de um diploma de algum curso específico.
Timidez e exposição
Em uma visão prática, notei recentemente (primeiro semestre de 2023) que muitos Reels que aparecem no Instagram mostram fórmulas mágicas para enriquecer. Isso é natural, mas o que me chamou a atenção é a frequência com que essas propagandas de cursinhos falam sobre você não aparecer. Coisas assim como: "conquiste 10 mil seguidores fazendo reels sem você aparecer".
Isso é algo que me chamou a atenção justamente porque é inesperado que um problema de sala de aula tenha se propagado já na vida adulta (ou quase isso) de nossos egressos. É timidez ou medo de exposição no mundo extra-classe?
A timidez é um traço de personalidade que afeta a forma como uma pessoa se relaciona com os outros e se comporta em situações sociais. Na área de Aprendizagem Ativa, a timidez pode ser entendida como um comportamento que inibe a participação ativa e a interação com o ambiente de aprendizado. Indivíduos tímidos geralmente se sentem desconfortáveis em expor suas ideias, fazer perguntas ou se envolver em atividades em grupo. Eles tendem a evitar chamar a atenção para si mesmos e preferem permanecer em segundo plano. A timidez pode impactar negativamente o processo de aprendizagem ativa, pois os alunos tímidos podem hesitar em contribuir com suas opiniões e conhecimentos, perdendo assim a oportunidade de se engajar plenamente nas discussões e atividades. Isso pode limitar seu desenvolvimento acadêmico e a capacidade de colaborar efetivamente com os colegas. Para lidar com a timidez na aprendizagem ativa, é importante criar um ambiente acolhedor e encorajador, que promova a confiança e o respeito mútuo, permitindo que os alunos tímidos se sintam seguros para expressar suas ideias e participar ativamente das atividades. Estratégias como o estabelecimento de pequenos grupos de trabalho, o uso de tecnologias colaborativas e a promoção de atividades que incentivem a participação de todos os alunos podem ajudar a superar a timidez e envolver todos os estudantes de maneira igualitária no processo de aprendizagem ativa.
Na área de Aprendizagem Ativa, a exposição do aluno em redes sociais pode ser entendida como o compartilhamento de suas atividades, projetos e reflexões em plataformas online voltadas para a interação social. No contexto da timidez, a exposição do aluno em redes sociais pode representar um desafio significativo. Alunos tímidos podem sentir-se desconfortáveis em compartilhar seus pensamentos e ideias publicamente, especialmente em um ambiente digital onde o alcance e a visibilidade podem ser amplificados. A timidez pode levar esses alunos a evitar ou limitar sua participação online, preocupando-se com o julgamento dos outros ou com a possibilidade de cometer erros publicamente. Isso pode resultar em uma falta de envolvimento ativo nas discussões online, perda de oportunidades de aprendizado e conexões com outros alunos.
No entanto, a exposição do aluno em redes sociais também pode ser uma ferramenta poderosa para superar a timidez e promover a aprendizagem ativa. Com a abordagem adequada, as redes sociais podem criar um ambiente seguro e inclusivo para os alunos tímidos se expressarem e participarem de discussões acadêmicas. Através da criação de grupos fechados ou fóruns de discussão online, os alunos podem compartilhar suas ideias e interagir com seus pares de forma mais controlada e confortável. Isso permite que os alunos tímidos ganhem confiança gradualmente, pois se sentem menos pressionados pela presença física e pelo contato direto com os outros.
Além disso, a exposição do aluno em redes sociais pode oferecer oportunidades de autoexpressão e construção de identidade. Os alunos tímidos podem encontrar nas redes sociais uma plataforma para expressar suas opiniões, compartilhar seus interesses e talentos, e se conectar com outros alunos com interesses similares. Essa interação online pode ajudar a criar laços e construir uma comunidade virtual onde a timidez é compreendida e respeitada.
No entanto, é importante salientar que a exposição do aluno em redes sociais deve ser feita de forma consciente e segura. Os educadores devem orientar os alunos sobre o uso responsável das redes sociais, ensinando sobre privacidade, ética digital e como lidar com situações de exposição indesejada. Além disso, é fundamental que os educadores e a escola estejam atentos e monitorem as interações online, criando um ambiente seguro e protegido para os alunos participarem ativamente sem medo de assédio, bullying ou qualquer forma de violação de sua privacidade.
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